quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

LSD TRIP

Foi de segunda para terça, por volta das 21 horas coloquei na boca 1/2 do papel de LSD conhecido como bike, durante as duas primeiras horas houve uma singela alteração sensorial geral, tudo parecia de certa forma mais denso, o som e as luzes, mas foi um alteração muito ínfima, ás 22 horas tomei a outra metade, por volta da meia noite entrei num estado de euforia, mas nada anormal. Foi como entrar num estado de embriaguez, porém sem aquele torpor causado pelo álcool, muito pelo contrário, meu corpo e mente pareciam estar com uma vitalidade potencializada, houve uma sobrecarga de pensamentos.
Até então encontrava-me com amigos, bebendo num bar, á uma hora da manhã resolvi ir embora, cheguei em casa e deitei-me, foi aí que a coisa intensificou-se, era por volta da uma e meia. 
Sons e imagens fluíam na minha mente conforme mantinha-me deitado em posição fetal com os olhos fechados no escuro do meu quarto, foi um momento de êxtase, comecei a sentir-me parte de um todo, eu me vi e me senti como no centro de um cérebro pulsante em que eu era uma pequena parte do cérebro que se encontrava em seu mais profundo âmago, eu literalmente pulsava, naquele momento tive a realização de que era apenas uma parte funcional de algo muito maior.
Sentia meus membros conforme minha mente comandava, era como se eu tivesse o poder de concentrar uma "aura" em qualquer parte do meu corpo, comecei então pelas pernas, enquanto eu me focava nelas, elas pareciam esquentar, depois passei para os braços e mãos, por último tentei concentrar essa energia apenas na minha cabeça, ela pulsava e foi uma sensação inexplicável, era como se ela estivesse contornada por uma aura, por um plasma.
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Além dos efeitos "psico-fisiológicos" apresentados acima, através desse estado mental "elevado" também pude obter revelações, ou melhor, conclusões, no seguinte sentido: de que nada está totalmente desconectado de tudo o mais, tudo está interconectado, desde aquilo que é impalpável á aquilo que é palpável, que é material, que é sólido.
Também tive outra bela conclusão - talvez a mais relevante da vez - no sentido de que nunca somos abandonados, seja lá pelo que for, seja por alguém, por um grupo ou por um objeto; literalmente tudo aquilo que nos fere, ou seja, toda mágoa, todo machucado ou ferida, não advém de lugar algum se não de nós mesmos.
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Por fim, partindo desse último paragrafo acima demonstrado, minha viagem estendeu-se á um ponto em que pude observar que as ações e omissões de cada um deixa um punhado de tinta num solo, e tal tinta nunca coagula, ela mantem-se pastosa e sempre que alguém ali pisar ou passar, irá se pintar. Essa é a grande questão final dessa TRIP - e talvez a parte mais abstrata da mesma, a tinta li jogada (advinda da omissão ou ação de alguém) irá se manter naquele local para sempre, se alguém se distancia de você, ao regressar, esse alguém (ou algo) inevitavelmente irá se lambuzar de tinta ao passar por aquele local; para mim essa questão da tinta contém um significado muito forte implícito e revela a questão de que nada podemos fazer com relação á aquilo que um outro ente deseja, mas, a tinta estará lá, para sempre, cabe a nós nos banharmos nela ou não.

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Aprender a não existir

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