Um grupo de cientistas dão andamento num processo que consiste em submeter um cobaia a uma pressão física e psicológica tão intensa, que esta, venha a atingir um estado que eles denominam de "mártir", todavia, a grande maioria dos cobaias acabam tornando-se apenas "vítimas", os cientistas acreditam que o ser humano em seu estado primal de sofrimento e desolação seria capaz de compreender e enxergar o sentido da vida e da morte, porém é praticamente impossível chegar-se ao estado de mártir sem se deixar levar pela vitimização, que torna a pessoa imersa em sua própria loucura, tornando-a mentecapta.
O filme retrata a história de Lucie e Anna, Lucie era um cobaia que escapou do lugar em que se dava a tortura (um prédio situado numa área industrial, chamado "prédio 1") quando ainda criança, foi então recolhida a um hospital de pediatria, onde se tornou reclusa devido ao trauma das torturas (ou seja, fora uma cobaia que falhara na experiencia, pois antes de atingir o estado de mártir, atingiu um estado de vitimização, ou talvez não tenha sofrido o bastante para que se observa-se seu real potencial de mártir) que se manifestava através da imagem de uma mulher que abandonara quando escapara de seus algozes, tal mulher era um outro cobaia na mesma situação de Lucy, esta, se auto flagela quando a crise do trauma se intensifica, pois é como se se sentisse culpada por ter abandonado a mulher no prédio 1, durante a auto flagelação Lucie tem a alucinação de que é aquela mulher que está a lhe agredir como punição por te-la abandonado-a.
Anna é outra interna do hospital de pediatria, que por motivos não expostos no filme, é a única pessoa com quem Lucie mantem contato, no início do filme diz-se que Anna é como uma mãe para Lucie, devido aos cuidados e zelo que tem para com Lucie.
Subentende-se que Anna tornou-se apegada a Lucie a tal ponto, que Anna abandona sua família para realizar o desvencilhamento do trauma de Lucie, que se daria pela morte dos algozes da mesma, o que acaba ocorrendo 15 anos após o encontro das duas no hospital pediátrico, todavia as alucinações do trauma não param de perseguir a mente atormentada e vitimizada de Lucie, a crise torna-se tão intensa que Lucie por fim corta a própria garganta e vem a óbito (lembrando que em sua mente, não foi ela a autora de sua morte, mas sim a mulher que abandonara no prédio 1 no dia da fuga).
Enfim chega-se à parte final do filme, em que Anna é capturada pelos cientistas e inicia-se seu processo de martirização (ou vitimização), num dado momento de seu calvário ela alucina e ouve a voz de Lucie perguntando-lhe por que não sente medo, ela mentalmente responde que sente, e Lucie lhe diz que não conseguiria passar pelo que Anna passava naquele momento, e também lhe sugere que se deixe levar, Anna então pergunta se Lucie estaria com ela caso não conseguisse (caso não conseguisse suportar a pressão física e psicologia do processo eu suponho), e Lucie responde que sim (todavia em verdade o que se passa nessa cena é um diálogo de Anna consigo mesma, num momento de alta desolação, em que se atinge o estágio primal de sofrimento e isolação humana), ao final da conversa mental, Anna sussurra "sinto saudades".
Ao fim da tortura, Anna mantem-se viva e dá-se a entender que apesar disso não tem ciência nenhuma do que esta a ocorrer ao seu redor, como se estivesse distante de si mesma, absorta, enfim os cientistas chegam a conclusão de que Anna foi uma das poucas cobaias que efetivamente foram "martirizadas" e a primeira que teve noção clara do que vira em seu estado de martírio.
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Minha interpretação ao fim de tudo isso é a de que o filme apresenta-nos a ideia de que o ser humano em seu estado mais grave de desolação e sofrimento ainda pode ater-se àquilo que para ele unica e exclusivamente significa iluminação ou salvação, isso explicaria o fato do porque a antagonista (cientista líder dos estudos, a quem Anna conta o que viu no ápice de seu martírio) vem a se matar e não compartilha com ninguém o que ouvira de Anna martirizada, porque no final das contas o fato ou situação que manteve Anna viva no ápice do estado de martírio fora algo que para a antagonista não seria provido de significação alguma, e que consequentemente não faria sentido para nenhum outro ser humano se não a própria Anna.
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