domingo, 16 de novembro de 2014

Luto Junino (poema)

Luto Junino

em frente ao medo
e ao desapego do olhar,
enquanto ao peso do pesar
se estendem fitas coloridas.

enfrente o medo
da alameda arquitetônica,
eletrônica biônica
e infinitas margaridas.

malgrado o mar onde se queixa
a gueixa fria,
bem como o céu
onde se esguia a estrela guia.

na esgrima esquina
exímia símia com florete,
no palacete assobradado
devastando estados flertes.


sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Deus

De onde vem o céu, se não do inferno? E vice-versa.
De onde vem a luz, se não da escuridão? E vice-versa.
De onde vem a felicidade, se não da tristeza? E vice-versa. 

Como deus há de ser bom? Como deus há de ser sinônimo de bondade, se não há bem que não venha do mal e ao mesmo tempo não há mal que não advenha do bem, tudo está interligado, e onde está deus nisso tudo? Deus está no meio, deus é o centro, deus é a plenitude, o equilíbrio de todas as coisas, imagináveis e inimagináveis, palpáveis ou não, corpóreas e incorpóreas, é bem aí que se encontra deus, deus é medianidade entre os pólos, é o liame dos extremos.

Onde não há equilíbrio não há nada, deus é simplesmente isso: a ligação sustentando todos os polos e planos, não há melhor maneira de observar deus se não deste modo. Desta maneira subentende-se algo ainda maior e transcendental: de onde vem o nada, se não do tudo? e vice-versa. É aí que se encontra deus, conectando e sendo o liame entre todo e qualquer fator.


quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Da violência

I.
A violência é inerente ao homem, há uma relação intrínseca entre o homem e a violência, de modo que esta, está dentro do próprio homem.
O que mantém a violência no âmago, sem deixar que esta venha à superfície e se exteriorize é a tolerância; a partir do momento que se desfaz o laço dessa virtude, vêm a tona a violência, que é a absoluta liberdade, deve-se ter em vista que esta, de fato, e a princípio, é relativa.
O homem torna-se então absolutamente liberto, advém então a besta, a precursora da carnificina, do holocausto, do jorrar do sangue, da dor á se infligir, do anti amor e da mutilação.

II.
O estado da besta é sublime e genuíno, experimenta-se a mais pura liberdade, uma liberdade absoluta, e não mais relativa como se é de praxe, na violência extravasada não há ouvidos para suportar as mazelas das línguas amparadas pelo banal, estas línguas são cortadas pela intolerância que se encontra em alto nível, a fim de calar as bocas dos prosaicos e retrógrados.

III.
Não fosse á violência - que é a plenitude do ser em estado de liberdade - haveríamos de nos fazer surdos, mas o arcaico há de ser intolerado, a retórica dos brutalizadores não pode ser inserida nos ouvidos de terceiros á ponto de brutalizá-los também. Há aí um verdadeiro estupro do intelecto, a questão é: estuprar o brutalizador mediante a violência, que não tolera o gigantesco montante de lixo que saem de suas bocas; e isso há de ser feito logo, antes que seja tarde, ou seja, antes que a retórica arcaica estupre nossos ouvidos.




segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Propor-se

Ela me contou sobre suas aflições,
também falou do seu amor
e o quão intenso ele era,
disse também o quanto sentia-se confortável.

Fomos não mais que amigos
que realizaram o ato mais belo da humanidade,
nos propomos reciprocamente,
mas no âmago havíamos de prever o fim.

Aprender a não existir

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