sábado, 4 de outubro de 2014

Acroniciedades

Do esquecimento e da metamorfose

A maneira que a mente processa aquilo que se passa em nossa volta (aquilo que de fato nos abrange direta ou indiretamente e vice-versa) é um tópico deveras hermético, vejo-me muitas vezes mergulhado no seguinte dilema: seria o esquecimento,  uma dádiva ou um infortúnio no decorrer do nosso tempo de vida? Á essa questão, surgem-me dois pontos de vista.

I. O esquecimento como um infortúnio

O esquecimento pode vir á nós como um infortúnio quando seus braços abrangem qualquer assunto do qual não queríamos esquecer ou do qual não podíamos esquecer, como por exemplo: a letra e as notas(para quem é músico) de uma música, ou até mesmo os liames de um tema acadêmico de nosso interesse(ou não), enfim, existem infinitos casos.

II. O esquecimento como uma dádiva

O esquecimento virá a nós como uma dádiva quando seus braços abrangerem qualquer tema, tópico ou assunto do qual queremos e desejamos esquecer profundamente, mas é neste ponto que se encontra o problema, pois nos casos em que o esquecimento se faria uma dádiva ele seria ineficaz, pois justamente quando queremos e desejamos esquecer algo, ele nunca viria a se concretizar - justamente por pensarmos em esquecer aquilo.

II. I. Paradoxo

Têm-se então, que a premissa: "esquecimento como dádiva", é um paradoxo, pois pensar em esquecer "x", é pensar em "x", e pensar em algo (seja pensando em esquecê-lo ou não), é absorvê-lo e dissipá-lo nas entranhas mais profundas da consciência do ser pensante, cada vez mais e mais.
Chegando á tais conclusões, venho á crer piamente que o "esquecimento como dádiva" não possui valor algum, e que tal conceito deva dar lugar á um outro: "ascendência da consciência".

III. Ascendência da consciência

Ascender o ser, ascender a consciência, pode ser a mais bela das premissas, esse é o mais digno significado de auto-progressão, e é o único "remédio" para que aquilo que hora queríamos esquecer, venha a se tornar, eu não diria obsoleto, tampouco passadista; mas sim algo cujo valor transmutou-se ao longo dos infinitos momentos que vivemos, infinitos momentos esses, que sob nós mesmos exercem (e desde sempre exerceram) um poder metamórfico.


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